segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Barroco no Brasil


"O barroco, no Brasil, foi introduzido no início do século XVII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. O poema épico Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, é um dos seus marcos iniciais. Atingiu o seu apogeu na literatura com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira, e nas artes plásticas seus maiores expoentes foram Aleijadinho, na escultura, e Mestre Ataíde, na pintura. No campo da arquitetura esta escola floresceu notavelmente no Nordeste, mas com grandes exemplos também no centro do país, em Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro."

Arquitetura Barroca




A igreja franciscana de Cairu, de 1654, é tida como o primeiro espécime inteiramente barroco erguido em território nacional, despido de toda influência maneirista que existia até então. Seu autor, o frei Daniel de São Francisco, criou uma fachada escalonada, num esquema triangular, com volutas fantasiosas no frontão e nas laterais; foi uma completa novidade, sem paralelos mesmo na Europa.
Em Pernambuco: a Matriz de Santo Antônio, com esplêndida talha nos altares, e o Convento e Igreja de São Francisco em João Pessoa, na Paraíba, considerado por Germain Bazin a mais perfeita dentre as construções franciscanas rococó do Nordeste brasileiro [13], embora seja uma adaptação quase literal do projeto do templo de Cairu, 50 anos mais antigo. Em Minas Gerais: a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a originalíssima Igreja de São Francisco, talvez a obra máxima de Aleijadinho, com torres circulares de coruchéu em forma de capacete, óculo obturado por relevo, e frontispício imponente; todas estas em Ouro Preto. Diversas outras cidades mineiras possuem exemplares significativos de arquitetura rococó, entre elas Sabará, Serro, Mariana, Tiradentes, e sobretudo Congonhas, onde existe o grande complexo arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. No Rio é notável a Igreja do Carmo.

Pintura Barroca





As primeiras pinturas criadas do Brasil foram realizadas sobre pranchas de madeira, em um estilo proto-barroco e subsidiárias à decoração em talha. Apareceram em meados do século XVII em edifícios das ordens religiosas, como o Convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro, e o Convento de São Francisco, em Olinda, dos mais antigos do país, mas a maioria destes primeiros trabalhos se perdeu em incêndios ou em modernizações posteriores.
Também neste período inicial surgem Baltazar de Campos, que chegou ao Maranhão em 1661 e produziu telas sobre a Vida de Cristo para a sacristia da Igreja de São Francisco Xavier, e João Felipe Bettendorff, também no Maranhão, decorando as igrejas de Gurupatuba e Inhaúba. Outros nomes que merecem nota são o frei Ricardo do Pilar, com uma técnica que se aproxima da escola flamenga e autor de um esplêndido Senhor dos Martírios, Lourenço Veloso [9], formado em Lisboa, Domingos Rodrigues, Jacó da Silva Bernardes e Antonio Gualter de Macedo, que atuaram em diversos locais entre Pernambuco e Rio de Janeiro.
É interessante ainda o belo acervo remanescente de azulejaria pintada, em boa parte importado de Portugal, mas que não obstante deu uma nota característica em inúmeros conventos, igrejas e casarios barrocos brasileiros. Assim como as outras artes, a pintura do barroco brasileiro encerra sua trajetória a partir do início do século XIX com o apoio oficial ao neoclassicismo dado pela corte portuguesa, mas seu ecos ainda seriam ouvidos até pelo menos a metade do século especialmente em regiões mais afastadas do Rio.

Escultura Barroca





O barroco originou uma vasta produção de estatuária sacra, disseminada por todo o Brasil. Entre os primeiros autores conhecidos estão José Eduardo Garcia, português, e Francisco das Chagas, o Cabra, ambos ativos em Salvador. Outros personagens importantes são frei Agostinho de Jesus e frei Agostinho da Piedade, considerados os fundadores da escultura brasileira.
O genial Aleijadinho representa o coroamento e a derradeira grande manifestação de escultura barroca brasileira, com obra magistral espalhada na região de Ouro Preto, com destaque para as obras no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, uma série de grandes grupos escultóricos nas capelas das estações da Via Crucis e os célebres Doze Profetas, no adro daquela igreja.

É de assinalar necessariamente a magnífica produção de escultura aplicada, no mobiliário entalhado e na talha dourada das igrejas, já bem ilustrada nas seções acima, que chegaram a altíssimos níveis de refinamento e complexidade, como provam os altares de São Bento em Olinda, a Basílica de Nossa Senhora do Carmo e da Capela Dourada em Recife, Nossa Senhora do Ó em Sabará, e em inúmeras outras edificações.

Gregório de Matos


Gregório de Matos e Guerra, nasceu em Salvador, dia 23 de dezembro de 1636 e morreu em Recife dia 26 de novembro de 1695. Conheçido como Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.





A D. ÂNGELA

Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma tal flor que a não cortara
De verde pé, da rama florescente;
E quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?

Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo que me tenta, e não me guarda.

Gregório de Matos.